"A Laranja
Ao meio-dia, comprei uma laranja enorme —
O tamanho dela fez todos nós rirmos.
Descasquei-a e compartilhei com o Robert e o Dave —
Eles ficaram com quartos, e eu com a metade.
E aquela laranja, ela me fez tão feliz,
Como coisas comuns frequentemente fazem
Apenas ultimamente. As compras. Um passeio no parque.
Isso é paz e contentamento. É novo.
O restante do dia foi bastante fácil.
Fiz todas as tarefas da minha lista
E as aproveitei, tendo tempo sobrando.
Eu te amo. Estou feliz por existir.
— Wendy Cope”
Eu quero explicar pra vocês o que eu tô fazendo aqui, antes de entrarmos nos detalhes que estou aqui para contar. Vamos começar por aí.
Eu tenho estado em uma espécie de busca para encontrar meu equilíbrio ultimamente. 2023 foi um ano difícil. Há um ano atrás, comecei a fazer terapia. Eu estava infeliz e com muito medo de admitir. Como eu poderia estar infeliz? Eu tenho saúde, tenho uma família linda, uma casa e estou financeiramente confortável. Eu não poderia estar infeliz, não tinha o direito. Quando finalmente decidi conversar com alguém, as coisas começaram a mudar.
Meses se passaram, e enquanto eu passava por fases de compreensão e luto, eu voltei em lembranças que estavam guardadas e seladas lá dentro de mim. Revivi memórias e finalmente chorei por coisas que aconteceram décadas atrás. No início, eu estava realmente focada em entender "por que" tudo havia acontecido, por que eu, e por que as coisas tinham acontecido daquele jeito. Busquei todos os "porquês" que eu poderia tentar encontrar. Encontrei alguns, mas não muitos. A primavera chegou e o verão passou, e dentro de mim tinha uma raiva, pequenininha, que tocava como um tambor baixinho. Não alto o suficiente para me tirar do sério, mas não quieto o suficiente para me dar espaço pra pensar. Eu queria mudar o passado e as pessoas, mas não conseguia, e isso doía muito.
E, conforme o tempo foi passando, eu fui me familiarizando com a sensação de ser impotente sobre tudo. Nesse caminho, eu raramente me arrependi de ter ido nessa direção. Quanto mais eu procurava, peças diferentes do quebra-cabeça apareciam, fora de ordem, algumas sem lugar ainda, mas todas eram partes de mim que eu tinha deixado pra trás em algum lugar — sentimentos que estavam perdidos há muito tempo, ou nunca sentidos, compaixão por mim e pelos outros, compreensão que esperava sentir por tanto tempo. O único jeito de chegar até o fim era, e ainda é, sentir. Comecei a me dar mais espaço para sentir, chorar e mostrar que eu estava passando por algo. As pessoas mais próximas de mim têm estado comigo nessa jornada, e eu não tenho nem como agradecer por isso.
Em algum momento ao longo desse caminho, eu percebi que as redes sociais estavam criando uma pressão desnecessária em mim. Eu queria fazer parte da vida dos meus amigos, mas o mundo de informações irrelevantes que vinha com o Instagram era demais pro meu cérebro neurodivergente e propenso a vícios. Então, eu saí de lá, e as coisas ficaram... silenciosas. Não faz tanto tempo, e, embora eu goste da sensação de não ter passado horas no Instagram todos os dias, sinto falta de poder compartilhar e receber notícias de amigos e da minha família — os primeiros sorrisos de um neném, uma noite especial com pessoas queridas, formaturas, noivados, fotos aleatórias.
É aí que esse espaço entra. Um lugar pra compartilhar memórias, longe dos dementadores do algoritmo. Um lugar pra desacelerar e refletir sobre a vida como ela realmente é, boa e ruim e os 90% que não são um nem outro. Um lugar pra compartilhar com um grupo pequeno, mas especial. Uma pausa entre as redes sociais pra só ser.
Meus posts vão ser uma leitura rápida, como tomar um café comigo, ou sair pra dar uma volta no quarteirão. E, quando você terminar, se você sentir vontade, me responde e me mande um update sobre o seu mundo, eu vou adorar ler.